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MUITAS VIDAS EM UMA

Perfil pessoal

Nasci em Brasília em 1988 numa família de sete irmãos, dois dos quais já não vivem aqui. Meus pais, Isaías e Mauricéia, me presentearam com uma infância rica e vasta de experiências o suficiente para que eu conhecesse vários Estados e uma dúzia de cidades até o final da adolescência. Exemplo disso é que estudei música e me tornei saxofonista na região do Xingu, no sudeste do Pará, dos 15 aos 18 anos. 

A pergunta, como é próprio dos espíritos curiosos, sempre me acompanhou, e foi a espiritualidade que me despertou maior atenção. Nela, além da experiência intensa na religiosidade popular até minha adolescência (tendo cursado Teologia entre 2008 e 2009), dos interiores entre Sertão Nordestino, Amazônia e Goiás, nas rotas de minha família no campo-floresta. 

O descontentamento com as respostas inautênticas me levou a perseguir a filosofia (cuja graduação se deu entre 2010-2014) como algo mais que simples hobby, como caminho de vida e profissão, e decidi cursar a graduação em filosofia na Universidade de Brasília. Experimentei ali mergulhos nos grandes temas da existência, na angústia, náusea e vertigem do mundo demasiado humano; nas esperanças, potências e belezas da vida desperta como descrita pelos grandes mestres. Porém, o resultado da saga foi distinto do que eu esperava. Me sentia carente de completude, ausente da esperança futura. O ceticismo e o desencantamento da análise filosófica me tiraram boa parte da vontade de viver. Após a graduação em Filosofia, na ressaca de lutas políticas e deslocamentos teóricos, mergulhei na pintura em tela que desde sempre me rondou como exigência de dosagem artística para a dureza das verdades sociais e políticas cotidianas. Durante o mestrado (2015-2017), em meio a uma forte depressão, me reconectei profundamente com o legado afro-indígena de meus pais através da agroecologia e da Ayahuasca que me proporcionaram um encontro inusitado e transcendente com a obra de Heidegger, me permitindo procurar pelo "habitar na morada originária" como impulso constante de retorno às origens.  Com a Ayahuasca eu parecia ter encontrado fora das teorias o "fluido" que conectava todas as partes fragmentadas de quem eu era. Esse período foi marcado pela radical transformação provocada pelo chá, que me fez sentir e crer ser possível um tipo de serenidade muito além das palavras.

Em 2017 fui convidado a conhecer a Constelação Familiar. Me dirigi sem muita expectativa quanto à terapia, mas a potência desse saber me cativou imediatamente. O impacto que a sessão deixou sobre mim foi tamanho e suficiente pra me fazer querer conhecer a fundo o que era aquela comovente magia, cujos personagens familiares viviam a grande saga da vida cotidiana de cada um com tanta gravidade, beleza e dignidade. Em 2018 me aproximei da espiritualidade diaspórica, e dos estudos místicos e mágicos em geral, e dediquei-me ao Budismo Tibetano Vajrayana (Escola Kagyupa) tornando-me por pouco um monge nessa tradição. 

Formei-me constelador em 2019 e fui movido a procurar por suas origens, como resposta a um chamado que só compreendi tempos depois. Só então me debrucei na espiritualidade do povo Zulu da África do Sul, conduzindo uma pesquisa inédita dentro e fora do Brasil onde descobri que a alma da Constelação Sistêmica Familiar é Zulu. Esse envolvimento me permitiu beber de uma fonte cujas águas generosas se revelam abundantes e perenes. Percebi o quanto uma nova abordagem da constelação seria mais adequada para responder a tamanha riqueza. Assim, em 2020 criei a Constelação Zulu, método filosófico e terapêutico que honra a origem de onde bebe e mergulha nela sem medo de se perder em assepsias culturais fragmentadoras.

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